os submarinos de portas e a rainha de inglaterra
Por Sérgio Lavos
Paulo Portas continua a brincar ao gato de Cheshire, aparecendo intermitentemente para dizer umas banalidades sobre a Síria ou sobre diplomacia económica. Ninguém sabe muito bem o que anda a fazer nem como, mas seguramente que a esperteza saloia que lhe permitu, ao longo do tempo, sobreviver politicamente, vai continuar a garantir que continuará a ter uma palavra a dizer nos destinos do país.
Nada o parece tocar. Nem os milhares de documentos guilhotinados nos últimos dias do Governo Santana Lopes, nem as suspeitas de financiamento ilícito do CDS-PP - ainda estamos para saber quem é Jacinto Leite Capelo Rego, o financiador secreto do partido de Portas na altura do despacho conjunto de três ministros, dois deles do CDS-PP, que autorizou o abate de sobreiros em zona protegida.
Mas a cereja no topo do bolo é o caso dos dois submarinos adquiridos por Portas quando era ministro da Defesa. Enquanto na Alemanha são condenados dois administradores da Ferrostaal por corrupção activa e na Grécia o antigo ministro da Defesa é preso por suspeitas de corrupção passiva na compra de submarinos à empresa alemã, por cá o processo convenientemente vai-se arrastando. As últimas notícias do caso têm contornos de mau programa de humor. Às declarações de Pinto Monteiro, de que o atraso se deve à falta de dinheiro para as perícias necessárias, a ministra da Justiça respondeu que não houve, até agora, qualquer pedido de verbas por parte da PGR, acusando implicitamente o Procurador pelos atrasos no processo. A investigadora Cândida Almeida (quem mais) já veio dizer que as perícias nem sequer foram pedidas pelo PGR ao DCIAP, e as que foram acabaram por ser atendidas pela PJ em 2006.
No meio desta colossal trapalhada, duas coisas são certas: nenhuma das pessoas envolvidas irá demitir-se, apesar de, tendo em conta os desmentidos da ministra da Justiça e do DCIAP, esse fosse o caminho a seguir por Pinto Monteiro; e seguramente o processo irá continuar a ser eternamente protelado até expirar. Seja como for, o responsável pela compra dos submarinos nem sequer está indiciado. Uma vez mais, um crime que não terá castigo, um acto de corrupção no qual os corruptores são condenados (os administradores da Ferrostaal) e os eventuais corrompidos nem chegam a ser investigados. Suspensão da democracia? Ainda não tinham dado por ela?
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