o meu país dava um filme

Chamem cá o Scorcese, o Coppola, os irmãos Cohen ou mesmo o Cameron. Cada um ao seu jeito, poderia realizar um épico ou uma tragicomédia à custa deste território de pequenos e grandes gangsters. Temos de tudo, aqui na botica. O mafioso e o padrinho, gente que ocupa altas posições no Estado e que tem ou amigos pouco recomendáveis ou ganhos em bolsa por explicar ou as duas coisas que no juntar é que vai o ganho. Temos políticos e ex-políticos a ocupar, numa gigantesca teia, altos cargos na administração pública e nas grandes empresas privadas. Temos deputados que, em nome de deus, favorecem o diabo, cavam na vinha e no bacelo, têm duas caras, uma que finge servir o povo, a outra que serve os seus amos e senhores do vasto mundo dos negócios. Temos corruptos e gatunos que continuam a monte por vales de lixo e vilas de luxo. Temos governantes a quem uma ordem de Nova Iorque ou de Berlim vale mais do que mil greves ou mil mortos de fome. Temos um Estado inquinado, um erário malbaratado, intrigas nas várias cortes de um mesmo senhor, el-rei Dinheiro, o Rei Sol dos nossos tempos. Temos verbos de encher que fingem mandar. Temos ministros que fingem demitir-se. Temos mentiras, temos espoliação, temos exploração, temos desrespeito absoluto pelo ser humano. Temos tudo para um filme onde não seremos mais do que figurantes, milhões deles, exaustos, andrajosos, manietados pela informação envenenada, pelas crenças erradas, pelos medos que nos tolhem e nos tornam acomodados, não mais do que tristes destroços de um barco que, à deriva, está prestes a afundar. E, como de costume, não serão para nós os botes de salvação.

Os piratas primeiro.

Comentários

Anónimo disse…
Temos apenas uma "vara de porcos" que até grunhem - pena ilustrarem este mail dos governados com o meu querido van-gogh - não merece ser conspurcado em tal companhia

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