desempregados, esses preguiçosos
Cá venho eu desancar mais uma vez o relatório do FMI. E isto porque vou sabendo, aos soluços como convém para não me dar o badagaio, mais algumas propostas que o governo, perdão, o FMI resolveu bolçar para os pacóvios cá do burgo. Os escrevinhadores de serviço, reputados técnicos, excelsos economistas, finos teóricos do empobrecimento de massas, consideram o subsídio de desemprego demasiado elevado, altíssimo, um escândalo, um roubo ao Estado, um convite à preguiça, e sugerem a sua redução em valor e em tempo de vigência.
Sabendo que o montante do subsídio se situa (neste momento, amanhã não se sabe) entre os 400 e os 1.200 euros, a partir deste mês sujeitos a descontos, é fácil perceber que é dinheiro mais do que suficiente para zarparmos para as Caraíbas umas semanitas para arejar e bronzear as enxúndias. É carcanhol que baste para comprar um Porshe, encomendar as refeições ao Gambrinus e, quiçá?, adquirir uma mansão de 10 assoalhadas na Quinta do Lago ou na da Marinha.
Em muitos casos não dará para alimentar a família, ai pois não, mas o que importa isso quando um mar de ensolaradas oportunidades se rasga diante de cada podricalho que, por incompetência decerto, foi posto na alheta por indecente e má figura, refugo sem préstimo, rebotalho a quem a experiência profissional só serviu para criar vícios e levantar a grimpa diante de patrões e chefes?
Pela mesma ordem de ideias, reduzam-se as pensões de reforma porque são um convite à velhice, eliminem-se as pensões de invalidez porque são um convite ao acidente, abata-se o SNS porque é um convite à doença.
Acabe-se com o País e com esta afrontosa mania de se ser português. Até no Burkina Faso nos vão tratar melhor.
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