o censos da aldrabice


Já aqui referi a forma como se está a tentar, e pelos vistos a conseguir, encobrir os dados de trabalhadores a recibos verdes, para o governo do nosso descontentamento ficar bem nas estatísticas (o mesmo governo que inventou as novas oportunidades e outras falcatruas que, num qualquer país democrático, não é o nosso caso, dariam escândalo).  Mas vem a lume outra artimanha, destinada a mostrar que Portugal tem a menor percentagem de pessoas sem-abrigo da Europa ou, quiçá, do Mundo inteiro, incluindo a Suíça, o Luxemburgo, a Suécia ou até o Vaticano. Se não tiver onde  morar mas se se abrigar habitualmente num edifício abandonado, mesmo que esse edifício esteja em ruínas, fique a saber: você não é um sem-abrigo. Se não tiver casa mas, por alturas do censo, estiver hospitalizado ou tiver sido recolhido provisoriamente numa instituição, você não é um sem abrigo. Se não tiver onde viver mas, no momento do censo, ficar a dormir em casa de um familiar ou amigo, mesmo que seja por uma noite ou duas, você não é um sem-abrigo. Se a sua "casa" é um abrigo natural, uma cavidade na rocha, uma gruta, aprenda que eu não duro sempre: sem-abrigo é que você não é. Só faltou o bom senso de, para efeitos de censo, dar a equivalência de habitação a currais, pocilgas e cavalariças. Lá chegaremos.

A explicação vem aqui toda, para que os sem-abrigo fiquem a saber que o não são. Vão, de certeza, ficar contentes com esta ascensão na vida. Por recenseamento.


População sem-abrigo

Considera-se sem-abrigo toda a pessoa que, no momento censitário, se encontra a viver na rua ou outro espaço público como jardins, estações de metro, paragens de autocarro, pontes e viadutos, arcadas de edifícios entre outros, ou aquela que, apesar de pernoitar num centro de acolhimento nocturno (abrigo nocturno) é forçada a passar várias horas do dia num local público. Está nesta última situação a pessoa que, apesar de poder jantar e dormir num abrigo nocturno, é obrigada a sair na manhã seguinte.


Ficam assim excluídos do conceito de pessoa sem-abrigo:


• As pessoas a viverem em edifícios abandonados;


• As pessoas que, não tendo um alojamento que possa ser classificado de residência habitual, no momento censitário estavam presentes em alojamentos colectivos como hospitais, centros de acolhimento com valência residencial, casas de abrigo, etc…


• As pessoas que, apesar de não terem uma residência habitual, no momento censitário se encontravam em alojamentos de amigos ou familiares;


• As pessoas a viverem em abrigos naturais, por exemplo grutas.

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