o senhor que se segue
Se tivéssemos tino, agora é que era: aproveitar-se-ia a demissão de Sócrates para mudar radicalmente de políticas e de políticos. Mas, ou me engano muito, ou não é isso o que vai acontecer. Os portugueses vão eleger Passos Coelho. As moscas mudarão mas é tudo o que vai mudar, o monturo continuará a crescer "imundo e grosso", Fernando Pessoa que me desculpe o roubo das palavras. As moscas mudam. Sai o moscardo, entra a varejeira, mas as dificuldades dos portugueses persistirão, ou irão agravar-se, agora sob a batuta do FMI, essa reconhecida organização de malfeitores que não nos vem ajudar por causa dos nossos lindos olhos, mas sim porque espera retirar proventos da sua intervenção, e que proventos: o fim do Estado como entidade responsável por garantir o mínimo de condições de vida a todos os portugueses, melhor ensino, melhor saúde, melhor justiça social.
Lá porque este governo vai deixar de piar, não é razão para metermos a viola no saco. Há que honrar as intenções e o espírito do 12 de Março, há que continuar a exigir a mudança de rumo político, o fim da corrupção e do compadrio, a racionalização dos gastos do Estado, o corte radical nos ordenados obscenos para quem exerce cargos públicos, o encerramento de todo e qualquer organismo estatal supérfluo, a perseguição feroz aos que declaram ao fisco uma pequeníssima fracção do que ganham, a dinamização da economia com realismo, espírito empreendedor, perseverança, vontade de vencer, e vencer sem subsídios para aqui e para acolá, cunhas para isto e para aquilo, mandriice e falta de visão.
Continuemos a planear e a levar a cabo iniciativas nesse sentido. De maior ou menor êxito, todas elas contribuirão para, a pouco e pouco, levar a água ao nosso moinho e a moralização à vida política.
Quem estiver a esfregar as mãos e a comemorar a tão desejada queda de Sócrates, lembre-se: vem aí pior. Coelho e FMI numa mistela que nos irá dar muitos, muitos amargos de boca.
Continuemos a usar as redes sociais, a fomentar a organização de movimentos cívicos, a protestar, esclarecer, pressionar, denunciar. A não calar.
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