rouba e não faz
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Por Ricardo Araújo Pereira
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Se José Sócrates for culpado do que o acusam é o maior génio do crime desde o professor Moriarty. Aquilo a que se costuma chamar um mestre da dissimulação. Eu já vi vários advogados de indivíduos que possuem 25 milhões de euros e não se parecem em nada com o patusco causídico que o antigo primeiro-ministro contratou. Estamos perante um nível de patusquicidade mesmo muito elevado. É o advogado ideal para milionários que desejam esconder a fortuna.
As outras aplicações do alegado dinheiro alegadamente obtido através de alegada corrupção também são desconcertantes. Gostava de propor um teste aos leitores. Coloquem-se no alegado lugar de José Sócrates e completem a seguinte frase: "Bom, agora tenho 50 anos, vou aproveitar os vários milhões de euros que obtive ilegalmente para ...". Quantos preencheram o espaço vazio com a expressão "... escrever uma aborrecida tese de 200 páginas sobre a prática de tortura no âmbito das sociedades democráticas"? Que repugnante corrupção é esta que desperdiça o dinheiro sujo na academia? Onde estão as jovens bailarinas de clubes nocturnos, o barco, o champanhe, os charutos acendidos com notas de banco? Que diabo, eu ganhei muito menos dinheiro muito mais honradamente e mesmo assim levo uma vida bastante mais dissoluta. Hoje em dia, com o acesso que temos ao que se passa pelo mundo, não há razão nenhuma para não se praticar uma corrupção bonita, moderna, com um investimento consistente em devassidão e álcool. Esbanjar dinheiro ilícito no desenvolvimento pessoal é francamente decepcionante.
O próprio alegado esquema é triste, na medida em que envolve um motorista que funciona como multibanco, um amigo que funciona como offshore e uma mãe que funciona como agente imobiliária.
Se é para continuarmos a precisar de pedir dinheiro à mãe e aos amigos, mais vale não entrar no mundo do crime. A criminalidade costuma ter a virtude de garantir ao criminoso uma certa independência financeira, que sempre enobrece. Não é o caso, aqui.
Tudo isto faz com que, se o ex-primeiro-ministro for culpado, o regime não esteja em perigo, ao contrário do que se tem dito. A confirmar-se a acusação, José Sócrates tem 25 milhões de euros e, no entanto, vive da caridade dos amigos e viaja em económica.
Afinal, sempre há um português que vive em baixo das suas possibilidades.
Um exemplo a seguir, portanto.
Comentários
Contou as notas, nos 5 minutos que o alegado motorista bebeu café, chegando à conclusão que eram 2 milhões ou mais , sendo que alegadamente retirou algum para si própria. Chegou à conclusão que o destino das notas era Paris, visto estarem em moeda francesa. Daí, chegar até ao alegado corrupto.
Felícia Cabrita disse isto tudo no programa do Goucha, omitindo a parte do roubo feito por ela própria, nem como chegou à conclusão que o dinheiro estava dentro da mala. Se assim fosse teria de ser julgada por ocultação de provas. Evidente que o mundo está ao contrário, ela não reparou, nós sim. Nas incongruências das afirmações da dita senhora.
No processo Casa Pia já ela tinha um amigo advogado, sem querer levantar falsos testemunhos diria que neste caso (Sócrates), ela(Felícia) já arranjou outro (Juiz, desta feita).
Quanto a mim, está feita ao "bife" mais dia menos dia.
Good luck!