a morte fica-nos tão bem
Esta é de morte, aviso-vos já.
Não sou um especialista em matérias de educação, longe de mim, mas há coisas que vejo. E vejo professores no olho da rua, escolas a fechar, uma confusão generalizada de programas, decisões, planos e, esse sacrossanto mandamento dos nossos dias, redução de custos, muita, muita redução de custos, porque a educação não dá dinheiro (e, se dá, dá a outros países, aqueles que agora acolhem os jovens que aqui estudaram).
Só desapossando Coelho e Crato as coisas podem mudar. Isto se não vier outro que tal a seguir, está claro, porque o povo é soberano e vota, vota sempre e vota mal, na esperança, vã mas legítima, de que um D. Sebastião qualquer se materialize entre o nevoeiro e nos venha salvar da corrupção, da má governação, do clientelismo e de outros pecadilhos maiores e menores com que os nossos dirigentes políticos nos têm afundado e afundado a sua reputação, não há quem, hoje em dia, não lhes chame nomes a eles e, com muita injustiça, às respectivas mãezinhas.
Se a escola não está morta está, pelo menos, moribunda, a estrebuchar, mais para lá do que para cá. E a prova é-nos dada pela escola primária da aldeia de Barroças e Taias, agora convertida em casa mortuária.
Diga-se, em abono da verdade, que a escola já estava desactivada há muito, que não foi Crato nem nenhum dos seus apoderados a mandar fechar o estabelecimento de ensino. Mas trata-se, sem dúvida, de uma morte muito educativa e, digamos, inspiradora. Até porque o colega Gaspar precisa de dinheiro, muito carcanhol para pagar a ajuda que nos têm dado os gatos-pingados da troika e, se se venderem mais escolas para o negócio fúnebre, ou afins, deixaremos de estar com a vida por um fio e com os impostos pela hora da morte.
Façamos pois o funeral do ensino e, porque à dúzia sai mais barato, enterre-se também a saúde, a indústria, o comércio, as pescas, a agricultura. A seguir, transforme-se o país num imenso cemitério. Onde pairaremos como fantasmas. Almas penadas. À espera, sempre, de D. Sebastião.
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