políticos à rasca

Por Tiago Mesquita

Eles estão com medo. Pela primeira vez desde que me lembro é visível na cara dos políticos portugueses. Não só dos que momentaneamente ocupam o governo mas de toda a classe política, da esquerda à direita, sente-se o pânico absoluto em relação a tudo o que se está a passar. O rebuliço na sociedade civil está finalmente a fazer-se ouvir. As medidas que tomam, a forma como se dirigem às pessoas, os gestos comprometidos, o discurso a pinças, o medo de falar do passado que compromete todos e a forma estrategicamente elaborada como abordam o futuro são demonstrativos. Estão aterrorizados. Estão com medo.

A culpa, essa é exclusivamente deles. O medo que sentem hoje é proporcional à forma desabrida e irresponsável como ousaram conduzir este país durante décadas. A forma como assistem à derrocada do status quo que os alimentou, status quo que lhes permitiu terem a arrogância de viver acima das possibilidades e gerirem um país como se de uma tasca se tratasse, está a desnorteá-los. Quem sempre se alimentou deste género de expedientes está lívido. Está a gelar-lhes o sangue o pulsar cada vez mais forte de quem está farto de mentiras. A democracia é bela por isto mesmo. Porque no limite, mais perigoso do que um político amedrontado é toda uma nação acossada, um povo humilhado, oprimido e desesperado. E o povo manda. Sempre. Desta ou daquela forma. A votar ou na rua, a mudar o país.

Nota-se nas caras fechadas, nos seguranças nervosos e nos apupos constantes. Sejam qual for o partido político são sempre mal recebidos. A desconfiança é tal que o espectro político é hoje uma mancha sem cores verdadeiramente definidas. É cinzenta. Poucos ou nenhuns acreditam na política, nos políticos e nas suas intenções. A gestão partilhada deste pequeno território tem sido de tal forma irresponsável a nível político que os portugueses neste momento só querem vê-los calados, mudos ou a abrirem a boca para um pedido de desculpas mais do que justificado por tudo o que nos têm feito. E tem sido tanto, mas tanto. A era dos abusadores políticos está prestes a terminar.

Comeram a carne, agora roam-nos os ossos.

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