já não vão roubar-nos mais

O governo quer acabar com as gorduras do Estado, e faz muito bem, embora de boas intenções esteja o inferno cheio, como toda a gente sabe. As fundações esbulham ao Estado milhões de euros. Portanto, conclusão lógica, é preciso extinguir ou recomendar a extinção daquelas que, sendo um sorvedouro de dinheiros públicos, não têm grande utilidade para o País e para o seu povo.

Está a acompanhar-me? Até aqui faz sentido, não faz?

Por isso mesmo, uma das quatro que o governo impõe extinguir é a Fundação Casa de Mateus. 

Mas ... vai o Estado poupar muitos milhões ao erário público e, logicamente, ao bolso dos contribuintes? Nada disso. Sabe-se agora que o único apoio à Fundação Casa de Mateus é o valor do Prémio D. Diniz (sim, o tal que Maria Teresa Horta se recusou receber das mãos de Passos Coelho). Com isto, o estado vai poupar 7.500 euros. Por extenso, para que não reste a mínima dúvida sobre a importância que o nosso governo, governado como poucos, vai deixar de gastar: sete mil e quinhentos euros e zero cêntimos.

Podemos respirar de alívio, já não vão aumentar impostos nem roubar-nos mais no salário: 7.500 euros já cá cantam. Obrigado, Passos Coelho. Assim, vamos lá.

A notícia do DN que deu origem a mais esta indignação cá das minhas:

Governo acaba com financiamento público ao Prémio D.Dinis

Agência Lusa

O presidente da Fundação Casa de Mateus afirmou hoje que o apoio público à instituição, que o Governo quer agora cortar, é de 7.500 euros, que se destinam apenas ao prémio Literário D. Dinis.


"Isto quer dizer que não querem prémios literários e se mantiverem outros prémios literários que há por aí, então considero que é uma agressão a nós. Até agora não sei. Espero que não seja", afirmou à agência Lusa o presidente da fundação, Fernando Albuquerque. O responsável reagia assim à decisão do Governo de cessar todo o apoio financeiro público à Fundação da Casa de Mateus, que obteve a maior pontuação do relatório governamental, designadamente 78,1 pontos.

Para o presidente da fundação, o fim deste financiamento público significa que o Governo "não quer apoiar mais o Prémio D. Dinis". "Deixando de haver este apoio temos de refletir se temos possibilidade de manter o prémio, ou não", salientou Fernando Albuquerque.

O prémio literário D. Dinis foi instituído em 1980 e tem sido atribuído anualmente a uma obra de poesia, ensaio ou ficção, publicada de preferência no ano anterior.

Este ano o galardão foi atribuído pelo júri, formado por Vasco Graça Moura, Nuno Júdice e Fernando Pinto do Amaral, a Maria Teresa Horta pelo livro "As luzes de Leonor. A marquesa de Alorna, uma sedutora de anjos, poetas e heróis".

A escritora recusou receber o prémio das mãos do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que tinha sido convidado pela Fundação Casa de Mateus para presidir à cerimónia.

Para não alimentar polémicas, a instituição decidiu cancelar a cerimónia, que chegou a estar agendada para este mês.

O prémio D. Dinis é patrocinado pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e pela Caixa Geral de Depósitos.

No ano passado o galardão foi atribuído a João Barrento e a cerimónia foi presidida pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Também já receberem este prémio escritores como Manuel Alegre, José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andersen ou António Lobo Antunes.

"Este prémio tem 31 anos, sempre foi apoiado e metia-me muita impressão que acabasse, até porque se tornou num dos prémios literários mais importantes em Portugal", afirmou Fernando Albuquerque.

O presidente referiu que a fundação não diminuirá a sua atividade normal sem o apoio do Estado e acrescentou que o Governo justificou o fim do financiamento com o argumento de que considera que a Casa de Mateus não precisa desse apoio.

"Esperemos que contribua para salvar o país", salientou.

Esta instituição privada, com sede em Vila Real, foi criada em 1970 e trabalha nas áreas das artes e cultura, ciência e preservação histórica. A conservação do palácio, classificado como monumento nacional em 1911, é um dos principais objetivos da fundação.No ano passado, o palácio e os jardins receberam cerca de 75.000 visitantes, 81 por cento dos quais estrangeiros, provenientes de França, Inglaterra, Alemanha, Brasil ou Espanha.A Fundação da Casa de Mateus possui ainda receitas próprias provenientes da bilheteira, do posto de venda ou da atividade agrícola.

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