e o camarada passos nacionalizou o BANIF

Por Pedro Tadeu
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O Estado vai reforçar o capital do Banif metendo lá 1.100 milhões de euros. Ficarão os contribuintes, através de um empréstimo da troika, detentores de 99,2% do banco. Se toda a gente envolvida nesta negociação se portar bem - coisa que a disputa da herança do antigo líder do banco, Horácio Roque, torna incerta - a percentagem de posse do Estado naquele banco diminuirá para 60.6%, situação que, no entanto, perdurará até 2017. Na melhor das hipóteses.

Apesar de responderem pela maior parte do dinheiro que capitalizará esse banco, os contribuintes não terão direito a controlar a administração do Banif, que continuará dominada pelos representantes de alegados "investidores privados" que se comprometem a lá pôr, na empresa que deixaram cair, apenas 250 milhões de euros.

Note-se que este banco, de 2000 a 2010, deu aos seus acionistas 216 milhões de euros em dividendos, 41% do total de lucros registados nesse período, dinheirinho que hoje daria muito jeito mas, pelos vistos, ninguém acha dever ser considerado nesta relação desigual entre o nosso proclamadamente falido Estado e os nossos pretensamente ricos capitalistas, cuspidores dessa mão que, afinal, lhes dá sempre de comer e cronicamente os salva dos apuros em que se metem.

O Governo mais falsamente liberal de todos os tempos cedeu, num discreto 31 de Dezembro, à pressão dos accionistas do Banif e, com o acordo do Banco de Portugal, triplicou-lhe o capital social para o salvar da falência, a troco da promessa de vir a ganhar 330 milhões de euros em juros. Será mais uma vã promessa? Talvez, mas daqui a quatro anos já ninguém se lembra, já não interessa nada.

Esta espécie de nacionalização é feita a um banco que, em 2011, encerrou 17 balcões e despediu 120 empregados e que anunciou, entretanto, tencionar despedir mais160 trabalhadores.

Se isto não fosse suficiente para tornar questionável este apoio, podemos pensar nos erros cometidos com o BPN, podemos pensar nos impostos que estão a ser cobrados, nos cortes para a saúde, para a educação. Podemos comparar com a escassez de dinheiro para financiar empresas, podemos denunciar o processo de fragilização da Caixa Geral de Depósitos, podemos protestar contra o saque de reformas. Podemos pensar que havia outras alternativas...

E podemos constatar: nestes acordos a oposição afeta ao regime (na circunstância o Partido Socialista), cala-se caladinha pois surge sempre um dos seus (no caso Luís Amado, ex-ministro de Sócrates e atual presidente do Banif), a tutelar este tipo de negócios.

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