jesus e jesualdo, heróis de segunda na segunda circular
Só falta um Homem Cristo ou um Moita de Deus a compor o ramalhete. Não há dinheiro, dizem eles, mas movimentam-se milhões no mundo do futebol, não me enganarei por muito se disser que devem milhões, e a tudo isto os adeptos dizem nada, a chamar nomes chamam-nos ao árbitro, o bombo da festa, o mau da fita. O futebol abre telejornais, açambarca audiências, monopoliza multidões. Mourinho e Ronaldo não ganharam ontem a Bota de Ouro ou lá o que é mas ganham, num dia, o que muitos portugueses não auferem em vários meses. A desilusão foi nacional, a derrota é colectiva. Pior do que perder a independência é perder um campeonato, uma taça, os louros e dinheiro que serve para ferraris, mansões, a boa vida de quem, tantas vezes, Mourinho será a excepção, honra lhe seja feita, não sabe somar dois e dois ou juntar duas palavras sem pontapés não na bola, mas na gramática. Custe o que custar (onde é que eu já ouvi isto?) aos aficionados do futebol, trata-se para mim de um negócio imoral. Com o qual convivem e com o qual são coniventes. O povinho precisa de distracções. Mais, precisa de alienações. Longe vão os tempos dos gladiadores em arena. Os heróis, agora, são outros. Génios com uma bola aos pés e, parece, o mundo nas mãos. Outros, esgaravatam no lixo a subsistência, mas isso agora não interessa nada.
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