que me diz a isto, dr. mário soares?


O Dr. Soares que, confesso, fui aplaudir por duas vezes à Aula Magna porque, nestes tempos de ignomínia, não nos podemos dar ao luxo de menosprezar quem despreza a actual governança, elogiou no outro dia Angola, na pessoa de Isabel dos Santos, num dos seus artigos na Visão.

Sabe o Dr. Soares, que tanto é de causas nobres, pelo menos é o que diz, que Angola tem uma mortalidade infantil quase igual à de países muito mais pobres, como a Serra Leoa? Ou seja, que está quase no fundo da tabela dos países que, por falta de dinheiro ou, como é este o caso, corrupção ao mais alto nível, deixam morrer as suas crianças à nascença?

Sabe o Dr. Soares, que tanto luta pela democracia, que em Angola o direito de manifestação, e de expressão de uma forma geral, é muito restrito, para não dizer inexistente?

Sabe o Dr. Soares, em suma, que a cúpula do poder angolano suga toda a imensa riqueza do país em seu próprio benefício e que quase todo o povo vive na mais extrema pobreza?

O senhor não está gagá, como dizem por aí os que o querem aviltar a si e ao que diz. Mas, Dr. Soares, não defenda o que é justo para Portugal e o oposto para Angola. Faz-me lembrar os seus piores tempos do pós-25 de Abril, quando a coerência não era o seu melhor atributo.

Um pouco mais de fidelidade aos princípios, peço-lhe. E, já agora, não só a si. O PCP continua a manter relações com o MPLA. O PCP, tenho a certeza, não defende para Portugal o modelo angolano. Então, porquê e para quê esta amizade espúria?

Valha-nos ao menos uma coisa: nesta questão, o doutor e o seu grande inimigo dos idos de 70 estão no mesmo barco, rumo não se sabe muito bem onde mas ao socialismo não será. Em Angola, não só está na gaveta como é engavetado. E espancado. E morto.

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