de visita aos amigos


Ilustração de Gui Castro Felga

Lembram-se quando o Presidente da República falava em limites para os sacrifícios? Não foi há muito tempo. Era outro o governo. E era outra a interpretação de Cavaco. Mas dava-nos jeito que tivesse um pouco de vergonha na cara. Afinal, o homem ainda é o mais alto magistrado da Nação. Infelizmente.
Texto de José Teófilo Duarte

Hoje lá recebi a cartinha. No remetente, a Segurança Social. No destinatário, o criminoso que precisa de fazer uma apresentação quinzenal ao Estado, eu próprio. Lá dentro, o ISS convida-me encarecidamente a reembolsar 6% do valor dos subsídios de desemprego de Agosto e Setembro. O Estado precisa, eu tenho de devolver. Toma lá que é para não não me armar em desempregado. Quem me mandou sair de uma empresa que já me devia cinco meses de ordenado? Se não encontro trabalho, é porque não quero, sou um parasita. A esmola que o Estado me dá todos os meses é necessária para desenvolver o país. Se o Estado tiver de pagar aos 500 000 portugueses que ainda recebem subsídio, não tem depois dinheiro para injectar nos bancos ou para suportar a descida do IRC para as grandes empresas. Ainda bem que grande parte desta gente (os parasitas) está desempregada há bastante tempo, pois assim vai perdendo o direito ao subsídio. Devolvo de bom grado os 6% que os anti-patriotas do Tribunal Constitucional consideraram serem indevidamente cobrados a desempregados e a pessoas doentes. Quero que Soares dos Santos tenha uma reforma digna; que António Mexia possa manter o seu estilo de vida; que Ricardo Salgado possa esquecer-se de declarar oito milhões de euros ao fisco; que Arnaut e Catroga continuem a servir o país na administração de empresas dependentes do Estado. É para isso que eu sirvo. Ficarei mesmo à espera de receber em casa a próxima missiva da Segurança Social. Talvez traga dentro uma cápsula de cianeto. Se eu não encontrar trabalho nos próximos tempos, posso sempre abdicar de ser um fardo para o Estado. O Governo merece, os empreendedores deste país merecem, o futuro e o progresso não podem esperar. O país precisa de mim, e se for necessário dar a vida por ele, cá estarei.
Texto de Sérgio Lavos

Enquanto Passos Coelho estiver no poder, a renegociação não será vista como a melhor opção para os credores. Eles sabem que têm um amigo na presidência e outro em S. Bento. Enquanto eles lá estiverem, os credores estão garantidos. A dívida vai ser sustentada. Os portugueses, esses, é que vão ficar sem sustento.
Texto de José Vítor Malheiros

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