ó costa, costinha, eu vou-te gramar!
É o Costa do Castelo, de Alfama, da Mouraria, Madragoa, Bairro Alto, Avenidas Novas, de toda a Lisboa enfim. Vai ganhar as eleições contra o Seara dos futebóis. Acho bem. Se votasse em Lisboa nunca seriam meus candidatos, nem o Costa nem o Seara, mas ao Seara dava um coice, dava-lhe com a foice, malhava-lhe com o martelo, pénalti ao Seara, Seara está fora de jogo, cartão vermelho nas ventas do Fanã, o Nando atiradiço que, depois de Sintra, quer abocanhar Lisboa. E não me obriguem a vir para a rua gritar os nomes que lhe gostaria de chamar, a ele e aos Pintos, aos Coelhos e demais bicharada do curral de luxo à Buenos Aires.
Quanto ao Costa, o costas largas, o Costa de Lisboa, que se apresse a tirar o Seguro da cadeira onde poisa o traseiro inútil, suado de cagufa, cagado de caganeira, caganifrates, cagão. É que o Seguro - há até quem diga que é o melhor seguro de vida do Coelho - não ata nem desata, faz que faz mas não faz, finge que anda mas não anda, é indolentemente pateta, pateticamente irrelevante. E, palavra de honra, já se me encarquilham as unhas dos pés de cada vez que a criatura afirma ter avisado, que teve razão antes de tempo, que há dois anos já dizia isso e tal e assim e porque torna e porque deixa e por mais isto e mais aquilo. Chiça, penico. Parece um padreca pesaroso, um pregador enfermo, um pato nada bravo, o menino da lágrima, a lágrima sem menino.
Pois que venha o Costa se é desse que o povo gosta. Nada de votar à esquerda do PS, credo!, esses são um perigo, vinham dar cabo de tudo, para pior já basta assim, se calhar baixavam-nos os salários, roubavam-nos as casas, fanavam-nos os automóveis, fornicavam-nos as concubinas, bebiam-nos o champanhe marado, comiam-nos o caviar fingido. Antes a morte. Antes o Costa que tal sorte.
Todos gramam o Costa. Costa sem Afonso. Costa sem Gomes. Costa sem Beatriz. Costa sem Cabral. Costa sem Costinha. Mas Costa!
Costa vai ganhar. Vai uma aposta?
E o Seguro, desformoso e inseguro, terá uma retumbante vitória eleitoral: a do Costa. Podia ser melhor? Não se vá sem resposta: podia. Mas não era o Costa. E Lisboa sem Costa não é Lisboa não é nada. É a Costa da Caparica em pobrezinho, um boi sem cornos, um carro sem travões, um Costa sem concórdia, uma mixórdia sem sal, uma tripa-cagueira sem bosta, uma posta de bacalhau sem alho, um carapau alimado, um rodovalho podre, uma chaputa embebida em fénico.
Vá Costa. Dá-lhe cabo dos costados, ao Seara. O Seara que se espigue, o Seara que se desfolhe, o Seara que se poda. A poda do Costa é uma poda bem feita. De costas ou de barriga. Com uma rosa na boca e corvos no coração.
Costa precisa de votos. Devotos: votai!
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