como carraças em corpo de cão vadio


Pense nisto quando for votar. Pense que é tempo de mudar. Que o PS, o PSD e o CDS foram os únicos, desde 1976, mais coisa menos coisa, que ocuparam cargos governativos. Já deram provas do que (não) são capazes. Portugal progrediu muito desde o 25 de Abril. Quem tem saudades de Salazar ou é da direita mais retinta, mais retrógrada, ou não tem tino nem memória. Mas Portugal progrediu, não o esqueçamos, graças e muito à tenacidade dos povos. Foram anos de lutas em tantas frentes, tanto trabalho de sapa, sem que você tivesse dado por isso, daqueles que, se calhar, são os que rejeita na hora de votar. 

Não lhe vou dizer que os partidos do chamado arco de governação não tivessem tido gente bem intencionada entre eles. Tiveram. Mas esses partidos, os da arca do poder, têm-se perdido entre jotinhas e carreiristas, imbecis e oportunistas, "boys" e "yes men", corruptos e espertalhaços. Os outros, os bem intencionados, ou saem ou por lá ficam impotentes, cobardemente calando ou, não quero ser injusto para alguns que conheço e estimo, perseverantemente minando os alicerces do mal. 

Não estou, com isto, a convidá-lo a votar seja lá em quem for. Estou, tão só, a dizer-lhe que deve votar noutros, quaisquer que eles sejam, de acordo com a sua consciência e tendências políticas. Estes, os que lá estão, os que por lá têm andado, não o merecem, não nos merecem. Ou vote nulo. Ou vote em branco. Abster-se é que nunca. Por cada pessoa que não vota é um voto a mais nos mesmos de sempre. Estou convencido de que, se todos os que não votam regressassem às urnas, o PS, o PSD e o CDS iam ter o maior vexame e a maior derrota de todo o sempre. Sonho com esse dia.

Pense. Pense em mudar. Eu estou com Chico Buarque, tenho medo que as coisas não mudem. Que o mundo de horror em que vivemos se afunde cada vez mais. Tenho medo que os ricos fiquem cada vez mais ricos, para crescente pobreza dos pobres. Medo das guerras, da fome, da miséria que grassa por toda a parte. Medo da ganância e da opulência. E da violência também. Tenho tanto medo do terrorismo como do capitalismo desregrado, sem lei nem grei, que tomou conta das nossas pátrias e das nossas vidas. Tenho medo dos neoliberais, dos neofascistas, das neoplasias que fazem crescer estafermos como carraças em corpo de cão vadio.  Sim, tenho medo. Tenho medo que nada mude. Que o nosso voto, o seu, o meu, o de todos, sirva apenas para perpetuar a indignidade em que vivemos, a infâmia dos nossos dias. 

O mundo está mal. Compete-lhe a si, também a si, dar-lhe a volta. E isso só se faz se o ajudar a girar para o lado certo. No caminho certo. Da solidariedade, da equidade, da felicidade sempre negada.

Obrigado por me ter lido. Obrigado, mais ainda, se pensar no que lhe deixo por aqui dito.

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